“Na volta a gente compra”. Essa frase fez parte da minha infância com constância e é uma luta diária sair do automático e evitar cair na tentação de repeti-la toda vez que os meus filhos me pedem para comprar algo. Essa frase traz em si a nossa dificuldade em falar sobre dinheiro, sobre necessidades e sobre desejos com as crianças, e a nossa dificuldade para frustrar nossos filhos em algum desejo mundano. Provavelmente porque é difícil para nós mesmas lidarmos com essa vontade constante de consumir e a necessidade real de controlar o orçamento.
Educar filhos não é fácil
Não é fácil educar e criar uma criança nos anos 2020 e qualquer número que venha depois. Nesse último ano, em especial, não tem sido nada fácil segurar os gastos domésticos diante de uma inflação que chega galopante. Vivemos na era dos mil e um desejos e do consumo fácil. Em todos os sentidos. Mas vamos nos ater aqui ao dinheiro, nosso propósito.
Antes, em um passado não tão distante, quando eu queria economizar, bastava não ir a um shopping e evitar entrar nas lojinhas das ruas. O que os olhos não viam, o coração não desejava comprar. Agora é impossível aos olhos não ver. Os anúncios pulam na tela do computador enquanto trabalhamos. Chegam notificações no celular. Nem preciso falar sobre as redes sociais, certo? É praticamente um folheto de propagandas de todas as formas. Se é difícil para nós adultos, imagina para uma criança. Nunca foi tão urgente e necessário falar sobre dinheiro com as crianças. Alias, falar sobre as emoções quem envolvem as nossas decisões financeiras.
Jornalista, pero madre
Esse é o tema central dessa nova coluna aqui na Editora Timo. Meu nome é Paula Andrade, sou jornalista especializada em finanças e escrevo sobre educação financeira para crianças. Mas, acima de tudo, sou mãe de dois garotinhos e, como uma ser humana igual a todos, também me esforço diariamente para controlar o meu saldo bancário. E, cada ano que passa, sinto que vai ficando cada vez mais difícil o embate contra o consumismo.
Mais do que dar dicas de cofrinhos, mesadas etc., quero dividir aqui, com vocês, as alegrias e angústias do maternar em um mundo no qual você é o que você tem. A dificuldade para ensinar algo que nunca, ou pouco, nos foi ensinado (finanças). E a complexidade de ser exemplo em algo que nós mesmas temos dificuldade para administrar.
Não dá para ter tudo que queremos, certo?
Juntas vamos conseguir tentar extinguir o “na volta a gente compra” das lembranças de infância das gerações futuras, trocando a frase por uma conversa franca sobre desejos e frustrações. Não dá para comprar tudo que a gente quer a todo momento. E, por mais estranho que possa parecer, isso é ótimo! É o desejo de ter, fazer, conquistar que nos estimula a levantar da cama todos os dias e correr atrás dos nossos sonhos e metas.
Mas… na volta a gente conversa mais sobre isso tudo. Vou ficar esperando sua visita aqui na coluna! 😉