Como se preparar para um parto (normal, natural, vaginal)?

Essa é uma questão de todas as mulheres que gestam um bebê: como se preparar para um parto? Aliás, por que deveria ter um preparo? Bom, vamos começar do começo!

Você sabe qual é a diferença entre os tipos de parto?

Não? Então vamos contar aqui pra vocês, vem com a gente!

Quando descobrimos a gestação, uma mistura de sentimentos e sensações invadem nosso corpo e nos faz pensar em tudo ao mesmo tempo e agora.

Para a maioria das mulheres, pensar antecipadamente no tipo de parto que deseja ajuda a escolher bons profissionais e não cair em ciladas indesejadas.

Apesar da recomendação mundial das taxas de cesárea pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ser de 10% a 15%, ainda enfrentamos práticas que estão longe desse ideal, pois a cesariana ainda é disseminada como a forma mais segura para o nascimento.

Mas, como saber qual a melhor via de nascimento para o seu corpo?

Quando falamos em tipos de parto, falamos de todos os procedimentos usados durante a assistência até o desfecho que é o nascimento do bebê. Essa classificação dos diversos tipos de parto ganhou força recentemente, quando as opções de via de parto eram Parto normal ou cesariana.

Parto normal tradicional

Culturalmente na nossa sociedade o parto normal foi atrelado a uma série de procedimentos invasivos e violentos, usados durante a assistência ao parto como regra para todas as mulheres. Enema (lavagem intestinal), tricotomia (raspagem dos pelos), episiotomia (corte no períneo), ruptura artificial da bolsa, manobra de Kristeller, ocitocina sintética (famoso sorinho) são alguns procedimentos usados de rotina entre tantos outros conhecidos como intervenções.

Tudo isso trouxe uma assistência intervencionista e violenta, pois o produto desse parto (no caso, o bebê) após esse pacote de intervenções sem necessidade nascia chumbado ou prejudicado pelos procedimentos. Foi então disseminado por todos esses anos que o parto vaginal era perigoso, cultuando uma inverdade que a cirurgia cesariana era mais segura, pois a mãe não passaria por esse “sofrimento” todo.

Nessa assistência do parto vaginal tradicional, a mulher não tem opção de escolha para parir, é um parto no qual a mulher fica em posição ginecológica, depois de sofrer muitas dessas intervenções citadas acima (na maioria das vezes, sem necessidade).

Parto normal vaginal

Dizemos que uma mulher passou por uma experiência de parto normal quando recebe uma assistência baseada em evidências científicas, ou seja, não há nenhum tipo de intervenção feita por rotina.

O parto segue a fisiologia e a cadência do corpo da mulher e do trabalho do bebê, porém em algum estágio do parto há a necessidade do uso da tecnologia com alguma intervenção. Esse tipo de parto termina em parto vaginal, porém ele é considerado “normal”, pois nasceu via vaginal mas houve a necessidade de intervenção.

Diferentemente do outro, acontece com uma ou mais intervenções baseadas em evidências científicas.

O uso das boas práticas obstétricas são efetivas na redução dos desfechos perinatais negativos, pois usa-se a tecnologia adequada para auxiliar em uma determinada situação de necessidade.

Parto vaginal natural

Esse tipo de parto é disseminado quando não há nenhum tipo de intervenção durante o trabalho de parto e nascimento. É o famoso parto “liso”, acontece sem a necessidade alguma de intervenção.

Parto vaginal humanizado

O diferencial nessa classificação de parto é o tipo de assistência que mãe e bebê recebem desde o pré-natal, com o olhar na mãe e no bebê. A equipe de profissionais escolhidos seguem à risca as evidências científicas, usando da tecnologia a favor da assistência se houver necessidade e dividindo com o casal todos os cuidados a serem feitos.

Nessa assistência, a mulher tem a liberdade de se movimentar, se alimentar e escolher a posição mais confortável para receber seu bebê. Esse tipo de assistência se estende ao bebê, que terá uma assistência voltada à tecnologia se houver necessidade. Caso contrário, o bebê fica o tempo todo em pele a pele com a mãe sendo assistido por um pediatra neonatal, sem a necessidade de contato físico com o médico.

Cirurgia cesariana

É uma cirurgia que deve ser usada para o resgate de vida, ou seja, quando algo no parto vaginal não está indo bem, ou quando há uma condição de saúde comprometida tanto da mãe quanto do bebê.

Importante ressaltar que todos esses processos de assistência envolvem riscos, uns mais outros menos. O importante é sempre estar informada sobre eles, para que sua escolha seja baseada nisso e não em uma oportunidade médica.

E como se preparar para um parto?

Assistência versus Profissional

Primeiramente, para se preparar para um parto há a necessidade de se conhecer os diferentes tipos de assistência. É assim que se escolhe um profissional para te assistir nesse processo. Não adianta escolher um profissional que não está habituado a acompanhar um parto humanizado quando as taxas de cesárea forem muito altas.

O ideal é sempre se informar sobre as taxas que esse profissional tem sobre um determinado tipo de procedimento. Alguns convênios médicos disponibilizam esses dados a pedido da paciente.

Outra forma de saber se o profissional escolhido segue o que você deseja é conversando com outras mulheres que passaram por procedimentos com ele na sala de espera. Se você ouvir relatos de propagação de mitos como “passou da hora”, cordão enrolado no pescoço, uma vez cesárea, sempre cesárea, ou não aceitar doula na hora do parto é um indício para rever o profissional escolhido.

Palestras presenciais

Frequentar palestras gratuitas de apoio ao parto é uma excelente forma de se informar e conhecer quem passou por um parto respeitoso. Nessas palestras você acaba conhecendo profissionais ou locais de parto que aumentarão consideravelmente suas chances de ter um parto semelhante.

Grupos virtuais

Ler, ler e ler mais um pouco, se informar sobre esses diversos tipos de assistência te ajuda no empoderamento de suas escolhas. Existem grupos específicos virtuais que falam sobre isso, aproveite!

Relatos de parto

Ler relatos positivos de parto faz toda a diferença! Evite relatos negativos da prima da vizinha, se concentre em informações de qualidade, que te auxiliem e te guiem nessa caminhada.

Escolha uma doula

A doula é uma profissional que estará ao seu lado durante o processo de gestacão, parto e pós-parto, traçando junto com você o melhor caminho para suas escolhas. Ela também é uma profissional independente, ou seja, não é ofertada pelo médico e nem deveria estar vinculada a uma equipe médica específica. Ela te auxilia no preparo para um parto respeitoso, nas escolhas de locais de parto, escolhas de profissionais que assistem o parto desejado por você.

Durante o parto ela auxilia no estágio de trabalho de parto, alivia as dores com massagens, sugestões de posições, respirações e aromaterapia. Ela não executa nenhum procedimento técnico como exame de toque ou ausculta fetal.

Ter uma doula é fundamental nesse processo, é comprovado cientificamente que ter uma doula durante o trabalho de parto e pós-parto imediato traz experiências mais positivas e satisfatórias de parto, trabalhos de partos mais curtos, menos cesáreas desnecessárias, partos menos dolorosos, menor risco de fórceps ou vácuo, menos pedidos de analgesias, início precoce do aleitamento materno, menor risco de depressão pós-parto entre outros benefícios.

A doula é a profissional de livre escolha da mulher, que precisa ter uma sintonia com ela, precisa “dar um match” para essa relação ser benéfica e satisfatória.

Humanização vem antes da sala de parto

Um ponto importante e fundamental para que toda essa informação acima seja válida é: humanização se faz antes da sala de parto, com a escolha do profissional ideal que atenderá suas expectativas. Por isso, se você seguir os passos contidos nesse e-book, suas chances de sucesso no parto escolhido serão satisfatórias.

Depois, gostaríamos muito de saber como foi sua experiência de parto e se conseguimos acender uma luz no seu caminho. Mande pra gente o quanto te ajudamos! =)

 

Um beijo a você e uma boa hora!

Lili Szili – Doula de parto, pós-parto e Consultora de aleitamento materno.

 

Lili Szili é formada na área da educação, casada com o Joh, mãe de três filhas, duas adolescentes gêmeas de 18 anos e uma menina-sapeca de 12 anos. O nascimento das gêmeas foi um marco para que a maternagem pudesse ser olhada de uma forma mais acolhedora, e a partir da chegada de suas duas primeiras filhas começou um caminho diferente.
Com a gravidez da caçula, em 2008, iniciou-se um processo ativo em busca de um atendimento mais digno e consciente, o que levou Lili ao ativismo em prol do parto humanizado. Tornou-se doula em 2011 e desde então tem o privilégio de acompanhar as famílias e seus processos de expansão. Já são 11 anos de doulagem e uma busca incessante em tornar o parto com respeito um direito, não um privilégio. Lili também é facilitadora em aleitamento materno, instrutora de shantala e doula pós-parto. Ela ajuda e orienta mulheres e bebês nesse processo tão visceral, solitário e cultural que é o ato de maternar. Lili atende na Casa Pulsar e faz parte do time de coordenadoras no grupo de apoio ao aleitamento materno Matrice – ação de apoio ao aleitamento materno. Para falar com ela, envie e-mail para lilidoulasp@gmail.com

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