10 lembretes para dar apoio à mãe que amamenta

A mulher que amamenta precisa de apoio. E não é pouco. Nas histórias de amamentação que eventualmente acompanhamos em nossa família (eventualmente porque, convenhamos, podem ser raras) costumamos ouvir que relatos que falam sobre as dificuldades de amamentar, possíveis infecções e processos de dor, como mastite, candidíase e ductos entupidos, lendas familiares das mais variadas, que comumente envolvem cascas de alimentos (por favor, não adote essas lendas, elas são prejudiciais).

A mulher que amamenta precisa de apoio. E não é pouco. A amamentação, como outras vivências do ciclo reprodutivo da mulher, é questão de saúde pública. Para além de tudo o que podemos promover individualmente, dentro de nosso círculo familiar e de convívio, é necessário que existam políticas públicas adequadas para proteger a amamentação. Um exemplo, a partir do mínimo, é uma licença-maternidade de seis meses. Um exemplo, no caminho do justo, é uma licença-parental de dois anos, onde os cuidadores principais, seja qual for a configuração da família, possam dedicar tempo para esse período dedicado ao estabelecimento de vínculo com o recém-nascido. A amamentação é parte desse processo.

A mãe que é amamenta e é solo precisa, sim, de mais apoio

No caso específico de mães solo, o problema é maior, latejante e marcante no Brasil. Isso porque vivemos em uma cultura que gosta de colocar as mães solo em um pedestal de luta e de força. Mas não para reconhecê-las, mas sobrecarregá-la. Assim, a mãe solo que amamenta normalmente se encontra em situação ainda pior da mãe que não é solo.

Ainda uma característica básica da nossa realidade cultural, política e econômica: esteja atenta, porque a realidade do outro pode estar pior.

Nesse cenário, como fica a mulher que, exausta, cansada, recém-parida, segue com a amamentação. É possível ajudá-la de alguma forma? Apoiá-la? Ampará-la?

Informação pode ajudar, grupos de mães que amamentam também

A informação pode ser um caminho cuja rota de saída faz com a mulher encontre forças (e possivelmente fique com mais sono) para manter a amamentação. Ou, ainda, cuja rota de saída a leve a algum grupo de amamentação para mães, como a Matrice. Aliás, onde essa que vos escreve, recém-puérpera há sete anos, foi inserida. E, sim, estar entre mães que amamentam de alguma forma me nutriu para que eu seguisse amamentando.

Amamentar é um lugar de entrega. Também de desafio, de resistência, de permanência. De se colocar disponível, sem garantias nessa relação, de que você, mãe, está oferecendo um fluido criado pelo seu corpo para nutrir seu filho. De nutrientes. E de emoções. Amamentar é um ato avassaladoramente humano.

Por isso, selecionamos no livro Presente para a Vida Toda, do pediatra Carlos González, 10 lembretes para apoiar a mãe que amamenta:

1. LIVRE DEMANDA

“Na imensa maioria dos casos, só é preciso saber duas coisas para amamentar: esquecer do relógio e dar o peito na posição correta.”

2. LAVAR O PEITO

Não é necessário lavar o peito nem antes nem depois das mamadas, a menos que a mulher tenha se arrastado nua pelo chão ou algo parecido.”

3. LIVRE DEMANDA MAIS UMA VEZ

“Em livre demanda significa em qualquer momento, sem olhar o relógio, sem pensar em tempo, tanto se o bebê tiver mamado há cinco horas quanto se tiver mamado há cinco minutos.”

4. NEM SEMPRE É O DAR O PEITO, MAS ÀS VEZES É

“Quando um bebê dorme demais, muitas vezes não é necessário acordá-lo, mas é bom estar atenta a seus sinais de fome. A livre demanda não significa dar o peito sempre que o bebê chorar. Por um lado, os bebês podem chorar por muitos motivos. Se está claro que ele está chorando por outro motivo, não é preciso dar o peito (mas, em caso de dúvida, melhor sobrar do que faltar. E ainda que estejam chorando por medo, dor ou o que quer que seja, o peito costuma ser a melhor maneira de acalmá-los).”

5. LIVRE DEMANDA É LIBERTAÇÃO PARA A MÃE

“Assim, ao contrário do que muitos acreditam, a amamentação em livre demanda não é uma escravidão, mas sim uma libertação para a mãe. Na maioria das vezes, ela pode fazer o que o filho quer, e assim ele fica feliz e não chora, e portanto a mãe também está feliz e também não chora. E de vez em quando ela pode fazer o que ela quer, o que também não tem problema. A escravidão é o relógio.

6. O PESO DO BEBÊ

O peso não é suficiente para avaliar a amamentação, não podemos dizer: “O bebê está engordando, então vai tudo bem”. Se para conseguir que o bebê engorde a mãe tem de estar dia e noite dando o peito, aguentando a dor das fissuras e da ingurgitação e o bebê tem de passar o tempo mamando, chorando e vomitando, é porque a amamentação não vai bem. A amamentação vai bem quando,
além de engordar, o bebê fica feliz e sua mãe também.

7. MAMADEIRA PREJUDICA, SIM

“Todo mundo sabe que quando os bebês se acostumam com a mamadeira eles podem acabar largando o peito. Muitas mães dizem: “Ele cansou do peito”. A explicação mais popular é que “como a mamadeira é mais fácil, os bebês ficam preguiçosos e não querem se esforçar com o peito”. Mas isso não é verdade. A mamadeira não é mais fácil. Vários estudos, tanto em bebês prematuros quanto em bebês com graves malformações cardíacas, demonstram que a frequência cardíaca e respiratória
e o nível de oxigênio no sangue se mantêm mais estáveis quando eles mamam no peito do que quando tomam a mamadeira. Os bebês nascem para mamar, seus músculos e seus reflexos foram especialmente desenhados para isso, enquanto tomar uma mamadeira requer um aprendizado específico.”

8. LIDAR COM ESCOLHAS É DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO

“Se você quiser carregar seu filho no colo ou amamentar, faça isso. Se quiser parar de trabalhar por meses ou anos para cuidar dele, ou rejeitar uma oportunidade de trabalho magnífica no exterior para estar com a sua família, faça isso. Mas só se você quiser. Se não quiser, não faça. Dizer: “Sacrifiquei minha carreira profissional para estar com meu filho” é tão absurdo quanto dizer “Sacrifiquei a minha relação com meu filho pela minha carreira”. Não são sacrifícios, são escolhas. Viver é escolher, os dias só têm 24 horas, e quem faz uma coisa não pode fazer a outra ao mesmo tempo. Escolha o que você achar melhor a cada momento e ponto. Quem faz o que quer não está renunciando, mas
conquistando. Não se sacrifica, mas triunfa.”

9. PRECISAMOS TOMAR OUTRO TIPO DE LEITE?

O ser humano é o único animal que bebe leite de outro animal. O ser humano é o único animal que continua bebendo leite depois da idade do desmame. Existe, de fato, um delicado mecanismo que impede que os adultos tomem leite. O leite contém um açúcar especial, a lactose, que não aparece em nenhum outro alimento animal nem vegetal. A lactose é fabricada no próprio peito. O sangue da mãe não contém lactose. A lactose só pode ser ingerida com uma enzima digestiva especial, a lactase, que só é encontrada no intestino dos filhotes de mamíferos. Quando acaba o período de amamentação, a lactase desaparece, e o indivíduo não consegue mais digerir o leite.”

10. SIM, ELE VAI DESMAMAR

“Todas as crianças desmamam, mais cedo ou mais tarde. Acredite se quiser, seu filho vai largar o peito. (…) Não existem limites para o aleitamento materno. Não há motivos médicos, nutricionais ou psicológicos pelo qual se deva desmamar obrigatoriamente em determinada idade.”

 

Agora, conta para a gente: qual lembrete você colocaria a mais nessa lista?

Juliana Couto é jornalista, gerente de contéudo para mães e mulheres, doula e conselheira em amamentação. Mãe de Miguel e Madalena, é social media da Editora Timo.  Pode ser encontrada no perfil @julianacoutomelo

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