Eu devia ter feito isso antes.
Esse foi o meu pensamento logo quando entramos na papelaria. Eu e o Otávio fomos comprar material escolar pela primeira vez juntos essa semana. Eu, controladora como sou, costumava comprar com meses de antecedência, pesquisando em várias papelarias pelo whatsapp mesmo. No primeiro dia de aula, a mochila estava pronta, com livros encapados, lápis etiquetados, uniforme brilhando. Meses depois era um tal de sumir borracha, livro amassado, mochila rasgada… Os últimos dois anos foram assim. Mas nesse resolvi fazer diferente.
Levar, ou não levar, o seu filho para comprar o material escolar?
Reservei um tempo na agenda e fomos juntos pessoalmente na papelaria, com a lista de material na mão. Não sem antes, claro, analisarmos juntos a lista para saber o que precisava comprar e o que poderíamos aproveitar do ano anterior.
Cadernos. Precisávamos de dois cadernos com 50 folhas, capa dura. “Mãe, como é caro esse, veja”, disse meu filho impressionado. – “Nossa, mãe, 15 reais por um conjunto de canetinhas? Por que a gente precisa comprar esse tal grafite de carbono? Nem uso isso e é caro!”
“Filho, pega uma tesoura, mas olhe bem o preço. Escolha com atenção o melhor custo X benefício”. E lá foi ele, todo empoderado.
Material escolar com consciência: quando o filho participa
Claro que não faltaram “tentações”. A caixinha de grafite azul para lapiseira pela bagatela de R$ 12 nos deixou pensativos. Decidimos juntos levar. Um mimo consciente para começar o ano escolar.
No final das contas, R$ 208 de investimento. A carinha de espanto dele foi a melhor. Ele agora sabe o custo do material e, assim espero, dê mais valor e tenha mais cuidado na hora do uso.
Quando chegamos em casa fiquei pensando no porquê de eu nunca ter feito isso antes. Aliás, não só na papelaria. Eu compro sozinha as roupas dele, os sapatos, os brinquedos… Me senti uma “mãe-ditadora”. Mas entendi que fazia isso por receio de ter dificuldades para conseguir dizer “não” para um pedido extra (e também pela dificuldade em aceitar que talvez o meu gosto não seja exatamente igual ao dele). Dizer “não” para os filhos é difícil.
Para mim também. É um exercício diário. Em especial nas papelarias, eu AMO itens de papelaria. E é difícil dizer “não” até para mim, quanto mais para um filho.
Dizer não e confiar na autonomia da criança
É difícil dizer “não”, também não é fácil aceitar e conviver numa boa com a autonomia de um filho. O melhor é que, no final dessa experiência, ele foi o meu farol no meio da vontade de gastar.
Meta para 2023: agora só vou sair para fazer compras para o meu filho com ele junto. E indico para todas as famílias fazerem o mesmo. É um momento de grande aprendizado e de boas conversas sobre dinheiro.