Mãe chata, afinal, ela coloca limites

Chata.

Perdi as contas de quantas vezes já fui chamada por esse nome carinhoso pelos meus filhos (o pequeno fala rindo quando ouve o mais velho esbravejar). Se o seu filho ainda não lhe chamou de chata, você pode estar educando errado.

Chata: definição – aquela que não deixa a criança fazer o que quer, na hora que quer e do jeito que a criança deseja. Aquela que não dá tudo que a criança pede, que coloca limites e regras desagradáveis aos filhos. Que obriga a estudar, a desligar a tevê, a comer legumes, sair do videogame, cumprimentar as pessoas, tomar o remédio e outros comandos similares (no meu caso inclui brincar com facas, fósforos e escalar o painel da sala).

Chata: palavra do gênero feminino (dificilmente vai se ouvir uma criança chamando o pai de chato).

Se eu fico abalada? Não.

Ser chata é fundamental para a educação financeira do meu filho. E eu vou lhe dizer o porquê.

Para conseguir administrar bem o nosso dinheiro é preciso entender e aceitar a lógica de ter que renunciar a alguns desejos (momentâneos ou não) para fazer o que é necessário para atingir objetivos futuros. É necessário saber administrar frustrações e ser resiliente. E só aprendemos a lidar com frustrações e a ser resiliente ouvindo “nãos”. Não existe outra forma.

Por mais que doa no nosso coração dizer essa pequena palavra aos nossos filhos, o “não” é profundamente necessário para ele entender que não é possível ter tudo, e que fazer “o necessário” está acima do fazer “o que eu quero”. E está tudo bem. Todo mundo sobrevive no final.

E você, leitora ou leitor, é o responsável por ensinar aos seus filhos essa lição.

É chato ser a pessoa que frusta, que desagrada. A vontade maior é de fazer tudo que nossos filhos pedem. Será que a vida com eles ficaria mais fácil assim? Deixando rabiscar a parede? Jantar chocolate? Comprar o 1432º carrinho? Virar a madrugada jogando videogame em dia de semana? Eu lhe digo uma coisa: desejo não tem fim. Já o orçamento, sim…

Se você já foi chamada de chata, oba! Estamos juntas! Vamos formar uma confraria. A confraria das mães que colocam limites, pelo bem dos filhos.

 

Paula Andrade

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