A minha vida financeira antes era anos luz diferente da que eu tenho hoje, mãe de dois meninos. Tirando o óbvio que crianças trazem mais responsabilidades financeiras, não foi só isso que deu uma bagunçada geral nas minhas finanças pessoais. O que eu aprendi sobre dinheiro depois de me tornar mãe? Leia até o final, tenho certeza que irá se identificar com a minha realidade materna (ou, quem sabe, nossa?).
Antes de ser mãe, dinheiro organizado. Depois de ser mãe, uma bagunça!
É um misto de falta de tempo para gerir melhor o dinheiro, com esquecimento, com urgências que se sobrepõem, com usar mais dinheiro para pequenas recompensas e respiros na vida corrida… Uma mistura de tudo isso e mais um pouco.
Antes de ter filhos, eu horrorizava o marido por saber até os centavos que tinha na minha conta. Tinha controle total e absoluto. Sabia para onde ia o dinheiro e direcionava ele para o que eu queria fazer: viagens, carro novo, passeios… agora, nossa-senhora-aparecida me salve! A meleca do boleto da Renner vive vencendo, mas eu nunca me lembro qual o dia certo de pagar.
A maternidade desarranja a gente em todos os aspectos, até mesmo naqueles que a gente costumava tirar de letra. Acho que isso acontece porque a prioridade muda, né? Agora o foco da atenção é para os pequenos. Na verdade, eu quase fico de fora da lista de prioridade. Eu entro na lista de “se sobrar tempo…”. Raramente sobra.
Metas de 2023: organizar as finanças. E essa mulher organizada ainda existe?
Esse primeiro semestre de 2023 resolvi parar um instante e olhar para dentro de mim, para buscar parte daquela mulher tão financeiramente organizada e disciplinada que estava perdida entre roupas para dobrar, lancheiras, provas escolares, chupetas perdidas, pacotes de fraldas vazios, torneios de futsal e similares. Cadê, você, mulher? Ainda respira?
Me afundei em um curso maravilhoso de psicologia financeira, para entender melhor como funcionam os padrões financeiros das famílias e, assim, observar e trabalhar os padrões que estou desenvolvendo dentro da minha própria casa.
Pois bem, compartilho aqui alguns aprendizados desse mergulho saudoso (e necessário) nas minhas próprias finanças pós-maternidade e em tudo que aprendi nesses últimos anos.
- Compramos demais coisas que nossos filhos não precisam.
- Quanto menos opções, melhor para as crianças. Muita opção de brinquedo, roupa, atividades etc dá um “bug” no cérebro e dificulta as escolhas.
- Não compre hoje para usar no futuro. Eu tinha essa mania. Comprava roupas e sapatos para eles usarem “quando crescerem”. Sabe o que acontecia? Esquecia e quando ia colocar para uso, estava pequeno. Raiva é o nome do sentimento.
- Ser firme no “não”, na hora dos pedidos por presentes fora de momento, é tão importante para a educação financeira do seu filho quanto um cofrinho, ou um plano de metas. É muito difícil, porém necessário, aprender que não teremos tudo que queremos.
- Não deixe de gastar com você para comprar coisas para seus filhos que eles sequer estão precisando. Assim você evitar aquele sentimento de remorso por comprar algo que a criança nem dará valor. Além disso, a gente precisa ser feliz também!
- Tenho metas anuais da família e foque nelas. Isso vai ajudar até mesmo na hora de dar desculpa para dizer não ao filho que pede o vigésimo-terceiro carrinho da hotwheels.
- Tire meia hora do seu final de semana para organizar as contas da casa e as suas contas pessoais. Essa meia hora muda uma vida toda!
- A criança cresceu e perdeu a roupa? Leva no brechó! Vão pagar pouco? Melhor pouco do que dinheiro parado!
- Faça uma limpeza nos armários da família, pelo menos, a cada semestre. Venda, doe, troque… movimente a energia parada. Inclusive é bom para as crianças ver a gente fazendo isso…
- Alugar brinquedos e alguns acessórios infantis de pouco uso é uma excelente opção no lugar de comprar. Quando a criança começar a enjoar, você devolve e pega outra coisa. Simples assim. Adoro!
- Você vai ouvir muito o “eu quero porque todos os meus amigos têm”. Inspira, expira e solta um novo mantra que vou ensinar: “E o VOCÊ pretende fazer para juntar dinheiro para comprar?”
- Ensinar a esperar é um dos pilares da educação financeira infantil. As grandes conquistas da vida demoram tempo. Não ajude a pular etapas.
- Vai ter mês que as contas não vão fechar. Vai ter ano que você terá que dar um passo para trás. Isso acontece porque a vida é cíclica. Existem momentos de fartura e momentos de escassez. Ter uma reserva financeira é importante para que essas oscilações não sejam tão sofridas. Mas se você tiver que fazer esse recuo (trocar a escola, suspender algumas aulas extras, mudar de casa etc) veja como uma possibilidade de ganhar espaço para um salto maior. Seu filho não vai ser um adulto menos capacitado porque ficou um tempo sem as aulas de inglês ou de xadrez. Mais importante do que as aparências é a sua presença em casa, com a mente tranquila de quem está com as contas em dia.
- Guarde dinheiro para a sua velhice! Pense tanto no SEU futuro financeiro quanto você pensa no futuro dos seus filhos. A mais importante herança que podemos deixar para os nossos filhos é não sermos motivo de preocupação, ou um peso financeiro, para eles na velhice.
Me conta o que você aprendeu sobre dinheiro depois de ter filhos?
Paula Andrade