Diariamente, respondo dúvidas maternas sobre como realizar a introdução alimentar dos seus filhos: Quais alimentos oferecer? Quantas refeições são necessárias? Qual a quantidade? Porém, se precisasse dar um conselho único para ajudar todas essas crianças a terem um início melhor, eu recomendaria que essas mães e pais buscassem melhorar a sua própria alimentação!
Para uma criança desenvolver hábitos alimentares adequados, é preciso que o ambiente dela seja coerente. Não adianta cozinhar brócolis orgânicos para o bebê comer sentado à mesa, enquanto você pede um fast food pelo aplicativo.
Por isso, trago aqui os 10 passos para uma alimentação adequada e saudável que o Guia Alimentar para a População Brasileira propõe. Pode ser excelente para um adulto planejar suas próprias mudanças.
Passo 1
Faça de alimentos in natura ou pouco processados a base da sua alimentação: eles proporcionam uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável.
O que o bebê ganha? Esses são exatamente os alimentos que um bebê precisa! Quanto maior a variedade alimentos que esse bebê for exposto, maior será seu repertório alimentar.
Passo 2
Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades para cozinhar: quando empregados com moderação em preparações culinárias que se utilizam de alimentos in natura ou minimamente processados, esses ingredientes contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desbalanceada.
O que o bebê ganha? Exceto o açúcar, tanto o óleo como o sal podem fazer parte da alimentação do bebê, sendo utilizados com muita cautela. Para você conseguir compartilhar suas refeições com o bebê, nada melhor que no seu prato também tenha menos sal e gordura! E muito mais temperos naturais!
Passo 3
Limite o consumo de alimentos processados: os ingredientes: conservas de legumes, compota de frutas, pães e queijos, em pequenas quantidades, podem ser consumidos como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.
O que o bebê ganha? Esses são alimentos sem a menor necessidade de aparecerem no prato do bebê em introdução alimentar, mas, conforme cresce, vale o que se aplica ao adulto: em pequenas quantidades, eles podem aparecer.
Passo 4
Evite o consumo de alimentos ultraprocessados: esses produtos, cuja lista de ingredientes é enorme e com itens não reconhecidos como comida – como biscoitos recheados, “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo” –, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados.
O que o bebê ganha? Ultraprocessados são muito pobres nutricionalmente e seu consumo (por mais que muitos sejam fortificados) está associado com diversas deficiências nutricionais e excesso de peso. Geralmente, o bebê que consome esses alimentos diminui o interesse por frutas, legumes e verduras.
Passo 5
Coma com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.
O que o bebê ganha? É muito mais fácil trazer um bebê para uma mesa com a sua família se divertindo do que para uma mesa sozinho. Comer com regularidade e em ambiente adequado também é uma forma de sinalizar para o bebê um comportamento que se espera dele.
Passo 6
Faça compras em locais, como mercados, feiras livres e feiras de produtores e outros locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores.
O que o bebê ganha? São em sacolões e feiras onde estarão muitos dos alimentos que o bebê precisa! Se forem alimentos orgânicos, mais um plus para a sua saúde. Além disso, permitir que o bebê se acostume a frequentar esses espaços auxilia que ele tenha intimidade com os alimentos que estão no seu prato.
Passo 7
Desenvolva, compartilhe e exercite as habilidades culinárias, ou seja, invista tempo em cozinhar e entenda que é tarefa de todos da casa, inclusive das crianças.
O que o bebê ganha? Quando você cozinha, você sabe exatamente o que está oferecendo ao seu filho. Além disso, cria-se um maior valor afetivo pelo alimento.
Crianças que crescem em ambientes em que a família cozinha tendem a estar mais próximas das etapas de preparo dos alimentos.
Passo 8
Planeje o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece: planeje as compras de alimentos, organize a despensa doméstica e defina com antecedência o cardápio da semana.
O que o bebê ganha? Quando você dedica um tempo para pensar na sua alimentação, você acaba proporcionando uma alimentação mais saudável e evita decisões de última hora. Assim, a alimentação passa a ser uma parte mais importante do seu dia. Quando você se planeja, você, ao final, acaba economizando tempo.
Passo 9
Dê preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
O que o bebê ganha? Quando você come em um lugar com comida fresca e caseira, é mais fácil que seu filho possa te acompanhar.
Passo 10
Seja crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.
O que o bebê ganha? Quando você evita publicidade, de forma geral, estará evitando a publicidade infantil. Saiba que crianças, mesmo que pequenas, são extremamente vulneráveis a rótulos chamativos e comerciais.
Viviane Laudelino Vieira
Doutora em Ciências – Mestre em Saúde Pública