Sabe o conceito de dor que conhecemos?
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Ele está diretamente relacionado à doença e sofrimento, mas existe uma dor específica do qual temos medo e não sabemos exatamente porquê, que é a dor do parto.
Quando pensamos em parto vaginal, vem aquele medo: será que vai doer?
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A dor é algo que aprendemos a significar conforme o meio que estamos inseridos, em algumas sociedades, a dor é uma etapa dos rituais ligados ao amadurecimento do indivíduo.
A dor do parto faz parte do processo, mas depende de como você vai lidar com ela. Encarar como “sofrimento” é opcional.
Nas gerações passadas, o parto acontecia em ambiente domiciliar, caseiro – cercando a mulher de apoio e cuidados familiares, mas o trabalho de parto migrou para o ambiente hospitalar e o conceito de dor deixou de ser natural e passou a ser visto como doença, afinal o hospital trata de doentes.
Um pouco sobre a história do nascimento
Fatores relevantes entraram nesse processo, como intervenções desnecessárias em todas as mulheres e solidão – o parto não podia ser acompanhado pela família. Culturalmente essas situações e significados foram sendo relacionadas ao momento do nascimento aumentando o estresse, o medo e consequentemente, a dor. O parto foi ressignificado como um processo médico.
Uma cartada surge da manga para quem tem recursos financeiros, quer evitar esse processo doloroso e não deseja “sofrer” para trazer um filho ao mundo: a cirurgia cesariana!
Nesse contexto, as cirurgias se disseminaram como meio aparentemente indolor de viver o parto, e tomaram as proporções que temos hoje, altos índices de cesárea no mundo todo!
Mas se estamos falando de dor, alguém apresentou para as mulheres as diferenças entre as duas vias de parto?
Alguém falou que em uma, a dor acontece durante o parto, e que na outra, a dor acontece depois da cirurgia?
Se no passado remoto, do tempo do parto domiciliar, o medo do parto era um medo consequente dos partos difíceis, da falta de conhecimento científico, da higiene e de técnicas que pudessem contornar problemas, nos últimos tempos, a partir dos anos 30/40 com a hospitalização de todos os partos, o medo da dor do parto foi reforçado pelos relatos dos partos vaginais violentos, cheios de intervenções médicas violentas, protocolos hospitalares e solidão da mulher.
O resultado dessa construção é que “parto e sofrimento caminham juntos”.
Essa é uma realidade construída culturalmente, não é uma verdade científica.
Afinal, o parto dói?
O parto dói, mas o sofrimento é opcional!
Quando entendemos que a dor faz parte do processo fisiológico do corpo, podemos moldá-la com mais naturalidade, ressignificando o conceito de dor e associando a sensação ao processo, com AMOR.
Sim, no parto, dor é amor.
Afinal de contas, se o parto acontecer dentro de um ambiente amoroso, respeitoso e, assim como nossa biologia ancestral pede: com segurança emocional, nem tudo precisa ser medo.
Somos condutoras de vida, corpos potentes e fortes para passar pelo parto fisiológico!
Um processo vivo, de vida, e você é capaz de passar por isso, acredite, você dá conta!
Lembre que essa dor é de rito de passagem. E que trabalho incrível damos conta de fazer!
Cuidando de tabus desde a gravidez
Trabalhar isso na gestação é o primeiro caminho para aprender a ressignificar a dor. Músculos e ossos fortes para um processo longo e mente trabalhada, informada, empoderada!
Gosto de trazer a analogia de que se preparar para um parto é igual se preparar para uma viagem, você precisa estudar o local, escolher o melhor lugar para se hospedar, juntar relatos de outras pessoas, criar uma lista de pontos turísticos, pensar na logística, escolher quem estará nessa viagem com você, fazer a mala e viver a experiência.
Com o seu parto é a mesma coisa, só muda o contexto.
Se alimente de informação boa, procure uma doula, confie na sua ancestralidade e na biologia do seu corpo. Se prepare emocionalmente, se cerque de pessoas escolhidas por você, crie um plano de apoio emocional/físico e, se ainda assim na hora do parto, a dor estiver insuportável, uma analgesia é totalmente possível para te dar um respiro e continuar sua jornada.
Confie no seu corpo, ele sabe como trazer esse bebê ao mundo!
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Desejo a você um bom parto!