O que é o líquido amniótico?

Dentro da barriga o bebê fica protegido pela bolsa das águas, algo bem semelhante com uma bexiga, formada por duas finas membranas chamadas de córion e âmnion (são tão finas que a maioria das pessoas nem sabem que existem duas membranas) formando a bolsa amniótica.

Dentro da bolsa tem muito líquido transparente, que se forma com doze semanas de gestação e se assemelha ao plasma sanguíneo. Até a vigésima semana gestacional, a pele do bebê é permeável permitindo que o líquido transite entre a bolsa e a pele. Após a vigésima semana, a pele deixa de ser permeável e a troca através dela não acontece mais.

A gestação avança e o líquido amniótico muda

Com o avanço da gestação, os órgãos em desenvolvimento iniciam seu funcionamento, como o rim, e a urina do feto passa a ser o principal componente do líquido amniótico junto com a secreção pulmonar, e mesmo assim é um meio de extrema proteção contra infecções, um meio estéril.

O líquido é produzido constantemente, é absorvido pela mãe e pelo feto e trocado a cada 24/48 horas pelo corpo, uma parte passa para a bolsa e a outra parte vem direto da placenta.

O líquido no pré-natal é medido por ultrassom, em um exame chamado índice de ILA, que é calculado avaliando alguns pontos importantes. Esse índice não tem valor fixo de normalidade, tem uma tabela de valor mínimo e máximo e claro, qualquer avaliação deveria ser avaliada e acompanhada com o contexto geral de cada caso, afinal nosso corpo é único!

Já ouvi a justificativa de cesárea eletiva pelo bebê ter engolido líquido amniótico, isso realmente acontece, mas fazer uma cesárea por isso é um grande equívoco!

Quando a bolsa rompe, existe parto seco?

Quando a bolsa rompe, o bebê continua produzindo líquido amniótico, geralmente aquele líquido que está entre o bebê e a parte que rompeu que vaza neste momento. O bebê acaba tapando a ruptura com o corpo e vedando novamente a bolsa. Quando ele se mexe ou quando vem uma contração, vaza mais um pouquinho e ele volta a tapar a ruptura. Assim segue até o nascimento, então não tem como ficar sem líquido dentro da bolsa, porque ele continua produzindo o líquido continuamente.

Lembra que a bolsa tem duas membranas?

Geralmente rompe apenas uma delas, saindo um pouco de líquido que tinha ali e não aquela enxurrada de água igual aparece na novela das oito, por isso parto seco é mais um grande mito do parto!

Alguns mitos do parto:

  1. Períneo forte por ser bailarina
  2. Parto seco por rompimento de bolsa
  3. Passar da hora de nascer
  4. Cordão enrolado (essa é antiga, mas ainda usam)
  5. Bebê engolindo líquido amniótico
  6. Falta de dilatação
  7. Bebê grande/bebê pequeno
  8. Quadril pequeno
  9. Parto demorado
  10. Não “ter entrado” em trabalho de parto
  11. Uma vez cesárea, sempre cesárea
  12. Bebê mal posicionado

Aproveitando o momento, estamos seguindo para o final do ano com uma sequência de datas festivas, bem propício para cesáreas desnecessárias, então se você está com sua data provável de parto para essas próximas semanas, fique de olhos bem abertos para não cair em uma cesárea desnecessária.

Bom parto pra você e um beijo da doula!

Lili Szili – Doula de parto, pós-parto e consultora de aleitamento materno.

Lili Szili é formada na área da educação, casada com o Joh, mãe de três filhas, duas adolescentes gêmeas de 18 anos e uma menina-sapeca de 12 anos. O nascimento das gêmeas foi um marco para que a maternagem pudesse ser olhada de uma forma mais acolhedora, e a partir da chegada de suas duas primeiras filhas começou um caminho diferente. Com a gravidez da caçula, em 2008, iniciou-se um processo ativo em busca de um atendimento mais digno e consciente, o que levou Lili ao ativismo em prol do parto humanizado. Tornou-se doula em 2011 e desde então tem o privilégio de acompanhar as famílias e seus processos de expansão. Já são 11 anos de doulagem e uma busca incessante em tornar o parto com respeito um direito, não um privilégio. Lili também é facilitadora em aleitamento materno, instrutora de shantala e doula pós-parto. Ela ajuda e orienta mulheres e bebês nesse processo tão visceral, solitário e cultural que é o ato de maternar. Lili atende na Casa Pulsar e faz parte do time de coordenadoras no grupo de apoio ao aleitamento materno Matrice – ação de apoio ao aleitamento materno. Para falar com ela, envie e-mail para lilidoulasp@gmail.com ou se conecte pelas redes sociais @lilidoulasp e @vemparir
Referência: Fetal Med, líquido amniótico

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