Lugar de bebê é no colo da mãe

Lugar de bebê é no colo da mãe. Você concorda com isso? Pois bem, eu estava navegando pelo instagram e apareceu para mim uma publicação, uma selfie de enfermeira com um bebê recém-nascido no colo, na sala de parto, bem na golden hour.

Isso me deixou pensativa: quanto os profissionais da equipe devem interferir no contato mãe/bebê na Golden Hour?

A Golden Hour ou hora dourada é a primeira hora após o parto, no qual os primeiros 30 minutos o cérebro do bebê está ligado ao máximo, fazendo conexões importantes como sentir o cheiro da mãe, usar a temperatura corporal da mãe para se aquecer, sentir o ritmo respiratório da mãe para estabilizar sua própria respiração, conectando suas outras funções e usando o corpo da mãe de modelo para chegar nesse mundo.

Humanizar o parto é humanizar o nascimento também, respeitando a família que nasce junto com o bebê, então o que devemos considerar nesse momento para que ele seja respeitoso?

Quando começamos traçar um plano de parto, escolhemos detalhes importantes sobre o tipo de atendimento que esperamos, escolhemos os profissionais e não podemos esquecer do neonatologista, pois ele tem uma importância enorme nesse processo.

1- Equipe que se conversa

Ter uma equipe é importante, mas ter um neonatologista alinhado com os princípios da equipe faz com que o momento do parto se prolongue para o pós-parto e para o atendimento imediato ao bebê.

2- Procedimentos não invasivos

Um bebê que nasce saudável, não precisa ser afastado de sua mãe, pode ser examinado sem precisar sair do colo. Um pediatra alinhado com o nascimento respeitoso sabe fazer isso com gentileza, profissionalismo e ciência.

3- Respeitar o momento

Um bebê saudável só deve sair do colo da mãe para ser examinado depois da primeira hora de vida, quando termina a golden hour. O bebê já se situou, mamou, estabilizou temperatura, estabilizou respiração, está aconchegado no seio da mãe. Depois de tudo isso, o bebê é examinado pelo pediatra sempre acompanhado pelo pai, é cortado o cordão, o bebê é pesado na balança da sala de parto e levado ao berço aquecido para ser examinado e auscultado com calma para depois voltar enroladinho ao colo da mãe.

Mas quando é necessária a intervenção do neonatologista?

Quando o bebê nasce é feita uma avaliação de saúde chamada escala de apgar e é nessa escala que se avalia a vitalidade e saúde do bebê no primeiro minuto de vida, no quinto minuto e no décimo minuto, considerando cinco grupos:

A – aparência: todo bebê nasce roxinho, aqui eles avaliam quanto tempo o bebê demora para rosar.

P – pulso (batimento cardíaco): como fica os batimentos, se fica rápido, devagar

G – gesticulação (reflexos): responde a estímulo, se mexe, gesticula, chora

A – atividade (tônus muscular): se ele se movimenta ou não

R – respiração: se ele respira, se o choro é forte ou só gemido

Às vezes, alguns procedimentos invasivos podem ser necessários quando os bebês não nascem bem, como aspiração de vias aéreas, esfregar o bebê para estimular os pulmões ou até mesmo uma reanimação neonatal.

Golden hour precisa ser preservada

Um neonatologista respeitoso e experiente saberá agir no momento certo, sem atrapalhar a golden hour ou deixar passar pontos importantes que necessitem de intervenção, por isso é importante conversar e conhecer o profissional antes do parto, saber de sua experiência e conhecer seus trabalhos.

E quando o bebê nasce bem, o berço aquecido fica vazio, pois lugar de bebê saudável é no colo da mãe ou quando não é possível ser da mãe por algum procedimento, o melhor colo é o do pai, pois é um momento especial demais para ficar no colo de um profissional tirando self, não é mesmo?

Se você já pariu, me conta como foi sua experiência na sala de parto, se não pariu, desejo uma boa hora!

Beijo da doula!

Referência:

Escala de Apgar UFMG
Apgar 5 e 10 minutos, riscos

Lili Szili – Doula de parto, pós-parto e consultora de aleitamento materno.

Lili Szili é formada na área da educação, casada com o Joh, mãe de três filhas, duas adolescentes gêmeas de 18 anos e uma menina-sapeca de 12 anos. O nascimento das gêmeas foi um marco para que a maternagem pudesse ser olhada de uma forma mais acolhedora, e a partir da chegada de suas duas primeiras filhas começou um caminho diferente. Com a gravidez da caçula, em 2008, iniciou-se um processo ativo em busca de um atendimento mais digno e consciente, o que levou Lili ao ativismo em prol do parto humanizado. Tornou-se doula em 2011 e desde então tem o privilégio de acompanhar as famílias e seus processos de expansão. Já são 11 anos de doulagem e uma busca incessante em tornar o parto com respeito um direito, não um privilégio. Lili também é facilitadora em aleitamento materno, instrutora de shantala e doula pós-parto. Ela ajuda e orienta mulheres e bebês nesse processo tão visceral, solitário e cultural que é o ato de maternar. Lili atende na Casa Pulsar e faz parte do time de coordenadoras no grupo de apoio ao aleitamento materno Matrice – ação de apoio ao aleitamento materno. Para falar com ela, envie e-mail para lilidoulasp@gmail.com ou se conecte pelas redes sociais @lilidoulasp e @vemparir

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