Fotografia é uma profissão um tanto solitária. E talvez seja por isso que eu a tenha escolhido. Às vezes fico na dúvida se eu escolhi essa profissão ou se ela me escolheu.
Mas o fato é que fotografar nos convida a sintetizar emoções. Quando estamos ali, no “campo de batalha”, seja ele qual for (um parto, uma festa, um retrato ou uma guerra), temos a oportunidade de transmitir emoções através de um clique.
Nosso trabalho acaba sendo um reflexo de nós mesmos. Trazemos para a foto tudo aquilo que temos como bagagem; nossa história de vida, referências, dores e amores. Na hora de escolher um enquadramento, uma composição ou uma luz, trazemos para aquele quadro tudo o que vivemos e refletimos ali nossas escolhas de vida.
Parece profundo? E é.
Desde que a fotografia começou a ser entendida como arte, ela deixou de ser um simples instantâneo da realidade. É força motriz para muitas histórias.
A fotografia de parto tem seu papel de transformação muito presente. Frequentemente escuto histórias de mulheres que mudaram o rumo do seu parto depois de ver outra mulher parindo em uma foto. Existe a identificação com o feminino, com a ancestralidade e com a intensidade que se vê ali na imagem.
Eu sempre recebo fotos de crianças vendo o meu livro com fotografias de parto, o “NASCER” (Ed Timo). O relato das mães é que as crianças amam e querem saber sobre o nascimento. Essa semana recebi um vídeo que me tocou, 6 crianças de uns 5 a 7 anos vendo o livro e tendo uma boa discussão sobre parto.
Em 2019, ano em que o livro foi lançado, dei um de presente para a classe da minha filha, que estava no 1º ano. Segundo o relato da pequena, a professora mostrou o livro para a turma, que logo começou a debater sobre nascimentos. A professora perguntou pra classe: “O que é um parto?”, no que uma criança prontamente respondeu “É quando um bebê sai da barriga no hospital”. De prontidão minha filha falou: “Não é, eu nasci em casa, e pela vagina!”.