Qual comportamento financeiro você deixará para seus filhos?

Esses dias eu parei um instante para prestar atenção nas coisas que eu compro e na minha forma de lidar com a minha casa, e o quanto isso reflete tudo que eu vi e vivi com a minha família na minha infância. E isso me levou a pensar: qual comportamento financeiro quero deixar para meus filhos?

Educação financeira: não herdei dos meus pais

Assim como quase todo brasileiro da minha idade, nunca tive uma educação financeira formal por parte dos meus pais. Mas, assim como quase todo ser humano, repito ou rechaço comportamentos financeiros observados da minha família.

Meu pai, sempre um otimista incorrigível, gastava como se não houvesse amanhã. Na dúvida, compra os cinco livros e dez cds de música que gostamos e pronto. Está com vontade? Vai lá e faz. Depois a gente resolve (ou seja, paga).

Por outro lado, quando o dinheiro apertava, não era apegado e nem aparentava sofrer com a redução do estilo de vida. Vendia tudo em um piscar de olhos. Lembre-se: ele é um otimista incorrigível. Ou seja, a restrição de hoje logo passará. Entrávamos assim em um círculo nada virtuoso de compra e vende constante com zero previsão de longo prazo.

Já minha mãe, gostava de uma fartura. Foi taxada de “gastona” pelos homens da família. Vaidosa, sempre super arrumada, íamos ao shopping duas vezes por ano para renovar o guarda-roupa.

Lembro de uma vez que fomos a uma loja infantil chamada “Lápis de Cor”, lá no Rio de Janeiro, e ela praticamente comprou toda a nova coleção para mim. Eu nem queria e fiquei chocada, nem acreditava. Por outro lado, era ela que sempre tinha um dinheirinho guardado e estava sempre ajudando financeiramente os parentes necessitados.

Hoje eu sou fruto dessa mistura meio maluca. Trago comigo essa visão otimista do futuro que me faz as vezes exagerar nos gastos com supérfluos.

Educação financeira: não herdei dos meus pais

Por outro lado, tenho uma preocupação real com a minha situação financeira no longo prazo pois não quero viver nos altos e baixos da minha infância. Não, nunca comprei uma coleção inteira de uma loja de roupas, mesmo podendo. Mas ainda acho que gasto demais com roupas e afins. Sofro na hora de escolher e de lidar com o “quero, mas hoje não posso, então deixa para outro dia”.

O que me motiva a buscar melhorar é o pensamento no que os meus filhos vão se lembrar do meu comportamento financeiro.

Qual herança comportamental financeira deixarei na memória dos meus filhos?

Dinheiro é um assunto normalmente falado dentro de casa, com as crianças, por isso sei que eles não terão “medo” de falar ou de lidar com o dinheiro.

Mas, será que eles percebem que eu compro roupas e livros demais, para mim e para eles? Será que eles vão levar com eles a minha mania de guardar os recicláveis para devolver para os donos e ganhar descontos (os vidros do molho de tomate, as caixas de ovos do feirante…)? Será que eles vão achar que a geladeira precisa estar entupida de comida para se sentirem com fartura (essa eu herdei da minha mãe!)?

Será que vão herdar a minha mania de pechinchar por quase tudo? O que será
que eles vão levar para suas famílias?

Eu sei que cada um dos meus filhos incorporará aprendizados diferentes, de acordo com a sua personalidade. Assim como eu não tenho os meus hábitos financeiros que o meu irmão, apesar de termos sido criados pelas mesmas pessoas. Mas espero que os bons costumes estejam mais fortes e presentes do que os maus hábitos.

Afinal, apesar de estudar, ler e escrever sobre educação financeira, acima de tudo sou humana e sou mãe. Ou seja, há muita emoção e irracionalidade em boa parte das minhas decisões financeiras.

E você? Quais comportamentos financeiros deixará de herança para seus filhos? Quais você herdou da sua família? Já pensou sobre isso?

Paula Andrade

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