Quem não quer ser super-heroína?

Nasce um bebê e nasce uma supermãe.

Para quem achou que essa é uma verdade, sinto dizer que o caminho será árduo e longo!

Nós mulheres, estamos contornando nossos papéis como adulta ativa, funcional, não somos somente mães, estamos muito além disso. A sociedade empurra a perfeição, cirúrgicas!

Antes de mergulhar no universo materno, de ajustes, demandas, agendas e vidas, precisamos entender que esse NÃO é ou não deveria ser um processo solitário.

Ele inicia lá na preparação do parto, quando nós mulheres, preocupadas com o que acontecerá com nosso corpo, procuramos informações para sanar as dúvidas e os medos.

Mas quem será nossa rede?

Quando pensamos somente no pai, provavelmente em muitos momentos do dia (na maioria deles) ele esquece totalmente que vai nascer um bebê em alguns meses, já ouvi isso em consulta. Ele não está tão ligado a esse evento como a mulher que está gestando.

Para o pai entrar nessa energia, ele precisa estar presente nas consultas, nos exames e principalmente no parto.

Trazer o pai para esse universo desde a gestação é importante demais para ambientar essa pré-paternidade.

Quando vamos para um parto vaginal, o processo é intenso. Se estivermos pensando em um parto ativo, protagonizado por você, trazer o pai para o ambiente de suporte é tão necessário quanto pensar na sua mala de maternidade – é indispensável!

Criar sua rede de apoio também, pensar no papel de cada um é essencial para trazer equilíbrio.

O evento do parto é tão visceral, que ter o pai como parceiro dando suporte emocional é a conexão necessária para esse mergulho de cabeça na paternidade, o envolvimento é tão ativo, que não tem como voltar atrás.

Mas para não vestir a capa de super-heroína, precisamos de um apoio, de uma rede para suporte e o pai é a peça chave dessa rede.

Quando iniciamos uma família, vem junto muitos conselhos desalinhados com o que a gente quer/pensa. Vamos nos isolando em ilhas para não ter intervenção negativa de outras pessoas, pitacos alheios.

Esse é um movimento pesado para o casal, além das demandas do bebê, tem a casa, a comida, a roupa, o nosso bem-estar, o sono e por aí vai… quem consegue estar inteira para tudo isso?

Aí entra a nossa rede, para esse suporte geral.

Em muitas organizações sociais de diferentes culturas, uma rede é formada para ajudar nas demandas da nova família e/ou cuidados com a mãe, para que essa mãe possa exercer com plenitude sua maternidade.

Nossos povos originários dizem que é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança e dizem isso com sabedoria.

Dormir, se alimentar, ir ao banheiro, tomar banho, são necessidades básicas que as mães não conseguem ter por não ter uma rede de apoio.

Aí entra a sociedade, dizendo para a mulher que criar um filho é uma responsabilidade somente dela, e que ela precisa ser perfeita, uma guerreira, tudo precisa ser as mil maravilhas a custa dela.

Eu não quero ser supermãe assim, quem quer?

Começa no parto e vai subindo de estágio conforme a criança cresce, pois novas demandas surgem em maiores escalas e a mãe está ali, firme, abandonando todos os seus planos para vestir a capa de super mãe.

Como adultos funcionais, é difícil aceitar suporte nesse momento, pois fazemos tudo sozinhos! Esse é um exercício importante para fazer e se permitir receber ajuda, é só por um período e as demandas mudam.

Tem papéis que só a mãe pode fazer, mas o que é de responsabilidade coletiva, compartilhe sempre que puder!

Se planeje, eduque sua rede, contorne o papel de cada pessoa, converse sobre o tipo de ajuda que você espera e não vista a capa de supermãe, não seja guerreira sozinha.

Organize sua aldeia!

Lili Szili – Doula de parto, pós-parto e Consultora de aleitamento materno.

Lili Szili é formada na área da educação, casada com o Joh, mãe de três filhas, duas adolescentes gêmeas de 18 anos e uma menina-sapeca de 12 anos. O nascimento das gêmeas foi um marco para que a maternagem pudesse ser olhada de uma forma mais acolhedora, e a partir da chegada de suas duas primeiras filhas começou um caminho diferente.
Com a gravidez da caçula, em 2008, iniciou-se um processo ativo em busca de um atendimento mais digno e consciente, o que levou Lili ao ativismo em prol do parto humanizado. Tornou-se doula em 2011 e desde então tem o privilégio de acompanhar as famílias e seus processos de expansão. Já são 11 anos de doulagem e uma busca incessante em tornar o parto com respeito um direito, não um privilégio. Lili também é facilitadora em aleitamento materno, instrutora de shantala e doula pós-parto. Ela ajuda e orienta mulheres e bebês nesse processo tão visceral, solitário e cultural que é o ato de maternar. Lili atende na Casa Pulsar e faz parte do time de coordenadoras no grupo de apoio ao aleitamento materno Matrice – ação de apoio ao aleitamento materno. Para falar com ela, envie e-mail para lilidoulasp@gmail.com

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