Era só uma camiseta de botão florido, mas a minha frustração estava ofuscando o meu raciocínio lógico. Eu estava com raiva. A um passo da chantagem. Só queria que ele a vestisse para ir para a festa de aniversário do amigo. Nada de mais. Mas ele não queria e bateu o pé.
Mãe, não vou usar e ponto. Quero ir com essa – disse, mostrando uma surrada blusa com estampa do Minecraft comprada na Renner há mais de um ano e usada quase todo santo dia.
A bendita “camisa de festa” na minha mão, ainda com a etiqueta da loja, praticamente era o atestado da minha burrice e dos meus R$ 100 jogados fora. No fundo, eu sabia que ia acontecer, mas tinha esperança. Já na loja ele deu uma torcidinha no nariz quando experimentou. Mas ficou tão lindo que eu insisti para comprarmos. Burra. Era assim que me sentia.
Será que estamos jogando dinheiro fora?
Sem ter muito o que fazer, olhei ao redor do quarto e vi todas as coisas que muitas vezes compramos cheios de expectativas mas que, no final, ficam é cheios de poeira no canto do armário. Quanto dinheiro jogado fora. Poderia ter comprado uma roupa nova era para mim, pensei.
Mas mais do que o dinheiro, o que me chateava era a sensação de frustração. De expectativa não realizada. E como nós, pais, enchemos os nossos filhos de expectativas. E nos frustramos na grande maioria das vezes. Porque a vontade era nossa, não deles.
E quanto dinheiro se vai nessa brincadeira… Você já fez as contas aí? Talvez seja melhor nem fazer… O que passou, passou.
A vontade da mãe ou do pai – e o dinheiro vai pelo ralo!
Ouso dizer que essa despesa é um dos principais “ralos” de dinheiro do orçamento das famílias. Compramos felizes e nos frustramos. Compramos o que nossos filhos não querem, não precisam, nem sabiam que existia. No fundo, nossos filhos são apenas a “desculpa perfeita” para comprarmos algo que a gente queria para a gente mesmo, mas não admitimos.
Não sei onde dói mais: no bolso ou no meu orgulho.