Na escola: experiências são essenciais para a aprendizagem

Humanos aprendem experimentando. Pequenos e grandes. Crianças e adultos, mães e pais, filhos e filhas.

Aprendizagem é muito mais que saber a teoria, aprendemos mesmo o que apreendemos da experiência. Conhecimento incorporado é a utilização de uma base teórica para resolver questões da vida real.

Estudar na escola: as funções da teoria e a importância da experiência

O estudo teórico é fundamental para que o conhecimento se desenvolva. É importante levarmos isso em consideração quando escolhemos escolas para as crianças ou tentamos entender como está sendo o desenvolvimento dos pequenos e pequenas durante os períodos escolares. Ir à escola tem, entre diversas funções educativas, a de apresentar como os seres humanos constroem e organizam o conhecimento, como todo o conhecimento da humanidade é classificado e apresentado para as gerações que se seguem – até para que ele possa ser aprimorado. A prática existe a partir da teoria e a educação depende deste movimento que se inicia em livros e cadernos.

Dito isso, o que faz a criança efetivamente aprender é o que ela experimenta, a experiência. O estudo teórico nos traz melhores condições para experimentar. Estudo teórico também chega de fora da escola, é aquele que vem do que ouvimos ou lemos, é o conselho de um amigo, a lição que a vida ensina pela história do outro. É receber informações antes de experimentar, o que nos torna aptos a uma melhor experiência.

A escola para crianças, nesse aspecto, funciona de maneira muito parecida com a universidade: a teoria que chega na realidade, que se alinha à experiência e permite que se aplique o que sabe ao que se faz é o conhecimento que toma forma. E que nunca mais esquecemos. É como se a teoria fosse o café, você precisa de um recipiente para colocar senão não pode tomar. Já a prática é o copo, por si existe, mas se tiver um líquido permite uma experiência mais interessante, e se estiver cheio de café é uma experiência e tanto.

Na escola: a teoria é plana, a experiência é 360º

Vamos a um exercício prático: pense em sua prova de ciências do quinto ano. Foque seu pensamento nisso, o que consegue recordar? Talvez um conceito ou nem isso, certo? Pois bem, agora tente se lembrar da primeira vez em que pisou no laboratório de ciências naquele mesmo ano para fazer na prática uma experiência com esses conhecimentos… possivelmente você consegue sentir até mesmo o cheiro em sua memória! Ou tem, pelo menos, algumas memórias de como era o microscópio, ou dos potes na estante.

É esse o poder da experiência, ela nos permite entender de fato uma teoria e, de quebra, guardar a informação transformada em conhecimento com todos os nossos sentidos. A teoria é plana, a experiência é 360º.

O que é uma boa escola?

Sendo assim, a escola boa, a que ensina mesmo, é aquela que permite que as crianças experimentem aquilo que está sendo ensinado no quadro e copiado nos cadernos. E as famílias conseguem avaliar isso de uma maneira simples, prestando atenção a como as crianças demonstram seu aprendizado no dia a dia, seja quando fazem contas rápidas no supermercado sobre quantos doces podem comprar com um montante de dinheiro, ou quando reconhecem as diferenças entre as folhas do limoeiro e da jabuticabeira. Assim podemos perceber o aprendizado realmente acontecendo.

A avaliação da própria escola deve ser levada em conta, mas deve ser global. Provas, quando feitas de maneira adequada, são instrumentos válidos para compreendermos quanto do conteúdo teórico foi assimilado de tudo o que foi ensinado. Só que a própria avaliação escolar deve considerar o que realmente foi apreendido, experienciado, experimentado de maneira a vivenciar na prática a teoria. E se a avaliação da escola não considera isso, cabe às mães e aos pais fazê-lo – ou ficar sem saber o que de fato foi aprendido no meio daquele mar de palavrinhas copiadas caprichosamente em cadernos e apostilas.

Aprendemos na escola (e na vida) a partir da experiência

Entender que aprendemos a partir da experiência em toda a nossa vida, inclusive na escola, não é diminuir ou minimizar o saber letrado, o ler e escrever, a integração à cultura oral e escrita. Esta é uma parte importante da educação, o ato de ler e escrever por si só é uma experiência de imersão social.

Ler nos permite conhecer outras histórias e adentrar o mundo da imaginação. A questão é entender se a escola está incentivando e permitindo essa integração entre o que se aprende e o que se apreende, se a leitura está abrindo portas para um universo a descobrir ou se só está prendendo as crianças nas carteiras durante o período escolar.

A metodologia é o jeito que a escola escolheu para levar esta teoria e permitir que ela se traduza em práticas. Existem métodos mais teóricos e outros mais práticos, mas seja qual for o método escolhido toda escola pode (e deve) proporcionar o encontro entre o que se sabe para a prova e o que se sabe para a vida.

Por que é a experiência que legitima o que se aprende, se é prática de algo já validado por tantos autores e teóricos? Porque ela viabiliza o sentir. Esse é o centro do aprendizado, o sentimento que a experiência traz.

Quando sentimos estamos “pensando” com o coração, tamanha é a força que tem o experimentar para a nossa existência. Esse pensar do coração é real, o nome técnico desse mini cérebro do coração é Sistema Nervoso Intrínseco Cardíaco, e ele “pensa” com sentimentos – influenciando o cérebro da cabeça, aquele que a gente sempre soube que existia.

Quando sentimos aprendemos, incorporamos o saber. Para algumas coisas isso é mais óbvio. Imagine a diferença entre explicar teoricamente um beijo e beijar alguém? Passa de uma descrição de um ato que pode parecer de higiene questionável para uma demonstração de amor. Simples assim. Para outras coisas é menos óbvio, como quando se estuda sobre como se comportar em determinada situação e quando ela acontece fica impossível fazer só o que a razão quer quando o sentimento entra na jogada. O minicérebro do coração tem uma força e tanto contra o nosso cérebro sênior.

A educação é o passaporte para a vida livre e autônoma

A teoria ajuda a construir a base da experiência, mas o que se experimenta é mandatório. Não tem teoria que desminta o que sentimos a partir da experiência. Por isso é tão importante a experiência educativa, o ser na escola. A qualidade teórica do ensino oferecido deve ser levada em conta, evidentemente, só que esse é só um pedaço do lugar que a escola tem no desenvolvimento humano. No caso das crianças, cabe aos pais e mães perceberem como essa experiência como um todo é oferecida, para muito além do tipo de livros ou do modelo de ensino apostilado adotado.

A educação é o nosso passaporte para uma vida livre e autônoma.

E a escola é o aeroporto de onde saem os aviões, é um lugar propício para a educação acontecer, para as experiências se desenvolverem. Nesse aeroporto os aviões recebem instruções para um voo seguro e agradável, mapas com os caminhos, são orientados por uma equipe incrível para taxear com segurança. Devemos escolher com cuidado o aeroporto. Mas os aviões não são o aeroporto, eles seguem seus próprios caminhos. Os aviões são as crianças, que alçam voos diferentes de aprendizado a partir das mesmas pistas. A escola precisa propiciar condições para que eles possam voar seus voos e aprender não somente as noções de altitude e latitude, mas a delícia que é experimentar cruzar os céus e descobrir o mundo.

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