A ingestão de líquidos na introdução alimentar

Assim que o bebê inicia a alimentação complementar, é recomendado que os líquidos passem a ser oferecidos a ele. A presença de alimentos sólidos ou mesmo pastosos, que apresentam características diferentes das do leite materno, influenciam no funcionamento do intestino devido ao seu teor de fibras e a ingestão adequada de líquidos auxiliará na prevenção de dificuldades.

A maior osmolaridade dos alimentos, que é a concentração de solutos (como os nutrientes), também exige a maior presença de água no organismo. Além disso, a partir da oferta de líquidos, mostramos para o bebê que ele consegue saciar sua sede de outras formas, além do leite materno.

Mas, lembre-se: não precisamos ter pressa!

Antes dos seis meses, não é indicada a oferta de líquidos porque eles ocuparão espaço no estômago que deverá ser do leite. Também poderá levar ao desmame precoce e favorecer o risco de desenvolvimento de doenças, como diarreias. Todos esses problemas aumentam o risco de desnutrição e de outros problemas nutricionais.

Quando falamos em líquidos, na verdade, nos referimos à água pura. Bebês não precisam de sucos, chás ou, mesmo, água de coco. A água será oferecida ao longo de todo o dia e, inclusive, é bem interessante que seja oferecida quando você, adulto, for tomar, como uma forma de incentivar o bebê.

E quanto de água precisa ser oferecido?

Existe uma recomendação internacional de que bebês de 7 a 12 meses recebam 800 mL de líquidos por dia. De 1 a 3 anos, essa quantidade aumenta para 1300 mL. Porém, esses líquidos são compostos pela água pura, mas também pelo leite, por quaisquer outras bebidas e pelos líquidos contidos naturalmente nos alimentos.

Assim, é praticamente impossível medir se um bebê tomou essa quantidade. Na verdade, isso nem é necessário!

Mais válido é manter a constante oferta da água, além da amamentação sob livre demanda, especialmente no período da realização da alimentação complementar, quando são comuns as alterações intestinais. Uma alimentação baseada em alimentos in natura ou minimamente processados também fará importantes contribuições na hidratação da criança. Observe também se o bebê está com a urina com coloração clara e sem as mucosas ressecadas (boca e nariz).

Como toda novidade, os bebês podem estranhar o contato com a água. Mesmo assim, não precisamos, em geral, nos preocupar e, principalmente, forçar o bebê a tomar água, porque a maior parte da hidratação será garantida pela amamentação.

Além de cuidar do tipo de líquido, o local onde ele será oferecido também é importante! Os copos mais indicados são os comuns, que temos em casa, sem nenhum bico. Eles são os que mais respeitam a anatomia de toda a cavidade oral do bebê, além de não oferecerem riscos de desmame. Procure escolher algum menor, que se encaixe bem na boca do bebê, como o conhecido copo de cachaça.

Mesmo para quem não amamenta, não vale a pena incentivar a oferta de água em mamadeiras ou chuquinhas. Afinal, dar outra possibilidade ao bebê para tomar líquidos auxiliará a minimizar os prejuízos de utilizar esses produtos.

A hidratação, como diversas outras ações que acontecem nos primeiros anos de vida, representa um aprendizado a partir do desenvolvimento de uma série de habilidades. Quando realizada com paciência e proporcionando confiança e tranquilidade ao bebê, aos poucos, ele será capaz de se hidratar adequadamente com autonomia!

 

Viviane Laudelino Vieira

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