Me sinto culpada, logo compro para meus filhos

Dia desses, quando me deparei por mim, estava lá, vagando pelas lojas online de brinquedos e coisas fofas para crianças. Enchendo o carrinho virtual de objetos que os meus filhos não precisam e sequer sabem que existem (e consequentemente não desejam). De súbito, antes que eu pudesse sacar o cartão de crédito do celular, fechei a aba do navegador e fiquei pensando: por que isso?

Oi, sou eu, a CULPA MATERNA

Coincidência ou não, há poucos dias troquei de emprego. Logo no segundo dia, cheguei em casa e o meu bebê já estava dormindo. Fiquei arrasada. Perdi a reunião de pais da escola e não pude fazer a tarefa da escola junto com o meu mais velho.

Pronto-diagnóstico dado: consumismo infantil baseado em culpa materna. Doença comum, em especial entre as mães que trabalham fora. A questão é: e como é que se livra disso?

Se fosse fácil de livrar da culpa materna, já teriam dado o prêmio Nobel da Paz para a pessoa que encontrou a solução. Mas não, não tem como. Faz parte da maternidade sentir culpa pelo filho. Como se fosse possível ser perfeita, presente e realizada a todo tempo. Não é possível, mas a gente não se importa e se compara mesmo assim.

 

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Não existe uma saída fácil para o problema

Precisamos, no primeiro momento, identificar os “vazios” que estamos buscando preencher comprando presentes para os nossos filhos. Seria possível preencher essas lacunas de alguma outra forma? Que forma poderia ser essa? Preferencialmente que não custe papel-moeda.

A semana foi longa e distante dos pequenos? Que tal uma sessão de cinema em casa com pipoca? Um momento masterchef entre mãe e filho? Um passeio de bicicleta ou banho juntos de piscina? Uma competição de aviões de papel, pipa, pescaria, jogo de tabuleiro?

A verdade seja dita: objetos não preenchem vazios existenciais

Temos que ter sempre em consciência que objetos não preenchem vazios existenciais. Pelo contrário, deixa a criança mal-acostumada, com dificuldade para dar valor ao esforço de tempo e dinheiro que se dá para fazer aquele gasto.

Aqui em casa troquei as roupas e sapatos novos por uma manhã de sábado juntos numa das cafeterias da cidade. Ok, estou gastando papel-moeda. Mas não estou comprando objetos. Estamos vivenciando momentos juntos e é isso que levamos na memória: os momentos juntos! Certo? Espero que sim. Aliás, um dos melhores antídotos contra a culpa materna é exatamente esse: buscar acertar mesmo sabendo que vai errar um bocado de vezes.

 


 

Paula Andrade (@‌paulaandrade) é educadora financeira para famílias e crianças, autoras de livros e colunista do blog da Timo.

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