Estamos em Agosto, o mês reconhecido como de incentivo ao aleitamento materno. É o Agosto Dourado! Como nutricionista, meu olhar principal com relação à amamentação tende a ser pelo seu valor nutricional.
Afinal, o único momento das nossas vidas em que somente um alimento é capaz de prover aquilo que é o ideal às nossas necessidades é durante os primeiros 6 meses de vida, quando precisamos receber exclusivamente o leite materno. Mesmo depois dessa idade, durante a introdução alimentar, ele permanece como o principal alimento e, a partir disso, continua oferecendo diferentes nutrientes importantes.
Porém, tenho que dizer a você que pensar em amamentação prioritariamente considerando sua função nutricional é bastante limitado e, inclusive, uma armadilha. Sabe por qual motivo?
A indústria de fórmulas infantis cresce em função dessa característica: ela tenta buscar uma combinação de componentes alimentícios que fornecerá em média o que um bebê precisa e vende isso para a sociedade. Uma ressalva aqui! Apesar de atender às necessidades gerais de um lactente, até nisso o leite materno sai em vantagem pois ele se modifica positivamente em função de diferentes características, como idade do bebê, tempo e momento de mamada.
Já o conjunto de bactérias existentes do leite materno, além de linfócitos, imunoglobulinas, proteínas, entre outros, contribuem significativamente com a nossa imunidade e com a prevenção de doenças ao longo da vida. Isso não terá em nenhuma lata de fórmula! Tendo falado de tantos benefícios físicos da amamentação, continuo defendendo que ainda há mais o que se valorizar.
Quando um bebê vem ao peito e está próximo da sua mãe, sentido seu cheiro e seu calor, o bebê sente-se aquecido, com diminuição de eventuais dores, mais protegido e tranquilo. A sucção que ele faz durante a mamada auxilia no seu desenvolvimento emocional, mas também oral.
É por isso que um bebê não mama em intervalos constantes: porque ele não está somente se nutrindo, mas está sendo acolhido e apoiado diante das suas mais diversas necessidades, tão difíceis de serem comunicadas com clareza aos seus cuidadores nesses primeiros anos.
Assim, quando cogitamos que um bebê será desmamado, temos que considerar tudo que precisará ser oportunizado para ele, para além dos nutrientes necessários. Também é fundamental considerar que esses tidos “substitutos” apresentam seus contras.
A fórmula, por exemplo, não vai auxiliar nos reflexos de fome e de saciedade que mamar no peito proporciona. A chupeta resolve a necessidade de sucção, por um lado, mas aumenta o risco de uma série de problemas bucais e respiratórios. E por aí vai!
Quando consideramos tudo isso, fica mais óbvio o quanto é mais interessante defender a realização do aleitamento materno e apoiar mães a iniciarem e a manterem a amamentação. Se pensarmos para além dos benefícios individuais, enquanto sociedade, todos ganhamos com cada bebê que é amamentado: o sistema de saúde receberá menos pessoas doentes, a desigualdade social tende a diminuir e o meio ambiente não sofrerá os impactos da produção, transporte e descarte dos insumos relacionados à indústria do desmame.