“Resiliência”, do latim resilire (“voltar atrás”) está associado à capacidade que temos de lidar com os nossos próprios problemas, ou seja, de superar momentos difíceis. A resiliência não é como um “traço de personalidade” que somente pessoas seletas possuem; apesar de alguns serem naturalmente mais resilientes que outros devido à personalidade e experiências de vida, ela pode ser desenvolvida a partir de ações e hábitos diários e simples. Nesses tempos de crises em todas as esferas, pós-pandêmico, ter resiliência é a chave para a felicidade, o bem-estar social e melhor qualidade de vida; ser resiliente evita sofrimentos e deixa a vida mais leve.
O pediatra Kenneth Ginsburg desenvolveu o modelo dos 7 Cs da resiliência, com o objetivo de ajudar crianças e adolescentes a se tornarem mais resilientes e felizes, mas penso que esse conceito pode ser aplicado a qualquer pessoa, veja:
- Competência: a habilidade de resolver problemas com eficiência
- Confiança: acreditar em si mesmo é o que permite ir além dos obstáculos
- Conexão: uma premissa para a manutenção da saúde mental
- Caráter: ser responsável por suas ações e seguir princípios éticos
- Contribuição: entender que você faz parte do todo, portanto, deve doar-se também para o bem comum
- Combate: coragem para encarar os desafios, habilidade para gerenciar o estresse e enfrentar os obstáculos com serenidade e eficiência
- Controle: autocontrole interno, relacionado com equilíbrio e paciência para fazer as melhores escolhas
Ontem tivemos mais um encontro #MãesNaLivraria, na unidade Fradique da Livraria da Vila, em São Paulo. Foi um evento “pequeno”, com menos pessoas, se comparado aos últimos meses. Ainda assim, podemos seguramente afirmar que foi um encontro potente, alegre, responsável, importante.
E também foi um encontro permeado de competência (com a presença das generosas Alessandra Gaidargi e Viviane Laudelino, que partilharam suas vivências profissionais, relacionadas com o tema do encontro, “Alimentação e cultura”), confiança (das pessoas que estavam ali, e entre todas nós também), conexão (aumentando nossa sensação de segurança e pertencimento), caráter (ao falarmos das informações éticas que temos acesso, sem conflitos de interesses). Durante a roda de conversa, entendemos que podemos contribuir um pouquinho para as mães conseguirem combater, com coragem e serenidade, os desafios relacionados à alimentação de suas famílias e ainda estimulamos todas nós a buscarmos sempre nosso autocontrole, mesmo nesse mundo ‘maluco’ cheio de confusão…
Ou seja, OBRIGADA pela presença e por tudo o mais, gente! Às que foram ontem, às que já foram em algum encontro nosso, ao pessoal todo da Livraria da Vila – que já está acostumado com nossas mães e bebês transitando pela loja e nos acolhe sempre com carinho e paciência –, às que ainda vão vir em novembro e dezembro…
Participar de uma roda de conversa #MãesNaLivraria é e será sempre um ato de resiliência, de ocupação do espaço público (por nós, mães, mulheres, cidadãs – e por homens, crianças e quem mais quiser vir), de coletividade, de escolha, de encontro, de trocas, permeado por boas leituras, informações confiáveis, respeito e afeto!
Para quem quiser saber um pouco mais sobre o papo em si, destacamos três trechos de livros nossos (num universo imenso de muitas boas referências, claro), que mostram bem do que tratamos ontem:
“A motivação de um bebê de seis meses para levar a comida à sua boca não tem nada a ver com fome. Os bebês querem imitar o que os outros fazem, em parte porque são curiosos, e em parte porque seus instintos lhes dizem que essa é a maneira de garantir que o que estão fazendo é seguro. Então não deveria surpreender-nos que eles queiram manipular a comida que veem nas mãos dos seus pais.” [BLW – O desmame guiado pelo bebê, pag. 49]
“A propósito, você come de tudo? Em cada cultura há alimentos que são considerados adequados, e outros que não. Eu não provaria jamais vários alimentos que são considerados perfeitamente comestíveis no nosso país, como os caracóis ou os pés de porco. E muito menos formigas e filés de cachorro, considerados alimentos normais em outros países. E se me convidassem para comer em algumas casas, poderiam pensar que sou muito mal educado, porque não como de tudo.” [Meu filho não come, pag. 173]
“Não criar expectativas é a forma mais saudável de lidar com o crescimento das crianças e com a relação deles com a alimentação. A compreensão de que nossos filhos crescerão em seu próprio ritmo traz serenidade para nós mães, sem comparações desnecessárias e com paz na hora das refeições.” [Só mãe mesmo, pag. 116]
É ou não é pra estar feliz hoje, já planejando o encontro do próximo mês?!!!
ANA BASAGLIA, especialista e mestre em Design, mãe de três filhos e avó de duas crianças (uma ainda no forninho!). Leitora voraz e irrequieta (do tipo que lê até bula de remédio), vencedora de um Jabuti de projeto gráfico, Ana é também uma das fundadoras do grupo de apoio ao aleitamento materno Matrice, que atua de modo voluntário desde 2006, além de pesquisar fanzines e cultura alternativa. Se desejar escrever diretamente para ela, o email é ana.basaglia@gmail.com.